quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Folha de S. Paulo: Gracinda de Abreu Dallari

GRACINDA AMÉLIA CORDEIRO DE ABREU DALLARI (1926-2009)

A especialidade da artista plástica era pintar retratos
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O pincel de Gracinda de Abreu Dallari enchia as telas com flores, barcos e paisagens. Mas havia uma coisa em especial que ela adorava pintar. "Retratos", conta o marido, o médico aposentado Hélcio, enquanto observa na sala de casa uma imagem da filha, em quadro feito pela mulher.
O próprio Hélcio ganhou o seu quando jovem. Graci Dallari, como assinava as obras, brincava, mostrando o retrato dele: "Esse era meu marido quando ainda tinha cabelo".
Até na faculdade de direito da USP há uma obra sua: ela pintou o professor Dalmo Dallari, seu cunhado, para a galeria de diretores da instituição. Mario Covas, que foi chefe de seu filho, também foi presenteado com um retrato.
O gosto pelo desenho vinha de pequena. Portuguesa, ela chegou ao Brasil aos dois anos -o pai, operário, logo arrumou serviço na Brahma.
No início dos anos 60, sua irmã conheceu um rapaz num baile, dançou com ele, mas decidiu apresentá-lo à irmã artista. Foi o início do relacionamento entre Graci e Hélcio, que se casaram em 1962.
Na pintura, ela começou já casada e com filhos. No colégio da filha havia um curso para mães, e ela decidiu fazê-lo. Estudou com o pintor Durval Pereira e, até o ano passado, Graci ainda dava aulas. Ao mexer com as tintas, diz o marido, ela "se esquecia da vida".
Em casa, Hélcio tem hoje uma galeria, que planeja preservar. Gracinda morreu quarta, aos 82, de câncer de intestino. Deixa dois filhos e uma neta de dez anos.
A missa de sétimo dia será amanhã, às 19h30, na paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, em SP.

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